O esfacelamento do poder ditatorial foi gradativo e nos anos 80 a mudança não foi um processo conquistado pela população, por mais que existissem manifestações populares como as chamadas “Diretas já”. O fim da ditadura foi mais um processo de desgaste político do sistema do que uma conquista nacional. A transição da ditadura militar para a democracia no Brasil, segundo Elio Gaspari (Nápoles, Itália, 1944), foi “desmontando aos poucos, com tamanha precisão que até hoje não se pode dizer quando acabou”.[1]
Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves (1910-1985) é eleito presidente por voto indireto (Colégio Eleitoral) e falece às vésperas de tomar posse, sendo sucedido pelo seu vice, José Sarney (1930). É de sua gestão a criação do Ministério da Cultura (até então uma Secretaria do Ministério da Educação), em março de 1985, tendo como primeiro ministro José Aparecido de Oliveira (1929-2007), que logo foi substituído por Aloísio Pimenta (1923). Foi promulgada nesse período a Lei Sarney (lei nº 7.505, de 2 de julho de 1986, lei de incentivo fiscal à produção cultural).
Durante o governo Sarney, numa tentativa de diminuir os juros e valorizar a moeda, cria-se o Plano Cruzado (lançado em 28 de fevereiro de 1986) em substituição ao Cruzeiro, moeda vigente no país desde os anos 70.
Outro ponto relevante para contextualizar historicamente o período é a candidatura de Leonel Brizola (1922-2004): primeiro governador eleito diretamente no Estado do Rio de Janeiro, em 1983. À frente da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro estava o antropólogo Darcy Ribeiro (1922 -1997), que também exercia o cargo de vice-governador.
Nesse ano de 1983, Adriano de Aquino (1946), coordenador da Fundação das Artes do Rio de Janeiro (Funarj), convida Marcus Lontra (1954) para assumir a direção da Escola de Artes Visuais, que desde a saída de Rubem Breitman (1932-2001), em maio desse ano, vinha sendo dirigida de forma interina por Nelson Augusto (1942).
[1] GASPARI, Elio; HOLANDA, Heloisa Buarque de; VENTURA, Zuenir. 70/80 cultura em trânsito. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2000, p.12